Quando Novembro chega já o frio
se instalou, já os casacos quentes ocuparam o roupeiro, já um par de botas é o
nosso melhor amigo e os cachecóis já fazem uma falta imensa em cada saída à
rua. Quando Novembro chega já os assadores de castanhas se instalaram em cada uma
das esquina das ruas emblemáticas da cidade, que começam, em Novembro, a
deixar-se iluminar pelas luzes madrugadoras de Natal.
Em Novembro chove, chove muito e
que bem que sabe a chuva de Novembro. Em Novembro a mesma chuva que deprime,
conforta. A mesma caneca de chocolate quente que alimenta o corpo, aquece a
alma. O filme que nos entretém uma tarde pode ser uma lição de vida e o livro,
aquele que está na mesinha de cabeceira, pode bem ser a mensagem de boa noite
que tarda em chegar.
Em Novembro os dias são
pequenos, as noites começam quando o relógio marca a hora do chá e demoram a
passar. Não se dorme mais, dorme-se o mesmo, mas tem-se mais sono.
O Sol decidiu em Setembro que ia
descansar em Outubro e emigrar em Novembro. Esperamos a sua volta. Temos
saudades. Novembro é o mês das saudades. Saudades das tardes de Verão, das noites
de Verão, do amor de Verão, aquele que enterramos na areia mas que o vento, que
sopra em Novembro, foi desenterrar. E sentimos a falta do calor do beijo, da
ternura do abraço, do carinho de cada gesto, da cumplicidade de cada olhar, dos
corações em perfeita comunhão, das mãos dadas, dos dedos entrelaçados, sentimos
falta de tudo e tudo não é pouco, é muito, e muito é um bocado mais do que se pode
imaginar, é tudo o que se quer mas não se consegue alcançar. E chora-se. Escorrem
as lágrimas pelo rosto. Confundem-se com pingos de chuva que caem sobre as
folhas mortas que cobrem o chão. Mas passa. A chuva passa. A saudade passa. Novembro
passa.
Passem bem o mês de Novembro.
Andreia Moreira
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