domingo, 12 de janeiro de 2014

Das ruínas.


Aproxima-te. Sem medo ou repulsa. Esta casa já foi tua também.
Entra. Só não deixes que os teus inseguros passos levantem a poeira que cobre as inquietas memórias dos tempos em que neste lugar entrou luz. 
Não lhes queiras tocar. Hoje são só pedaços frios que outrora nos aqueceram. 
Fica em silêncio. Não perturbes a calma deste lugar. Morto. Triste. 
Não queiras falar.
Chora, se te apetecer chorar.
Ri, se te apetecer rir.
Só não me queiras tirar deste lugar, porque é aqui que eu vivo a parte de mim que já morreu.

Mas e se quiseres ficar? 

Então aí fica. Eu não me importo que fiques. Eu quero que fiques. Não sei ver-me só naquele espelho. É negro o fundo da solidão. Não me quero ver assim.
Não quero estar só.

Andreia Moreira




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