domingo, 7 de outubro de 2012

Doce tentação


Provo um pouco de ti. Delicioso. Muito açúcar para adoçar o coração. Chocolate suficiente para tornar mais intensa essa vontade de cometer loucuras. Preenches o vazio. Sacias esse desejo. Não sei do que é que gosto mais em ti mas tenho uma certeza: quero mais.
 
 

Se o cão é o melhor amigo do homem, o chocolate bem pode ser o melhor amigo da mulher. Companhia para assistir aos romances de Hollywood, antidepressivo em dias de Inverno, cola para corações partidos... Não fossem as gordurinhas que em instantes se instalam onde não queremos e a nossa relação seria perfeita.

Já tanto se imaginou, fantasiou, falou e escreveu sobre chocolate mas já alguém ousou comparar a relação que nós temos com um bolo de chocolate com a relação que temos com ex-namorados? Hoje deu-me para isto.

Imagina um delicioso bolo de cacau, um recheio com o travo do chocolate negro, uma cobertura daquelas que nos fazem salivar à medida de se vão estendendo pelo prato. Desperta a vontade de o devorar até à última migalha. Mas não. Queremos só um bocadinho, uma fatia bem pequenina, porque, ainda que os nossos pés não pisem uma passadeira há anos, estamos de dieta. Saboreamos cada garfada. Sentimos cada sabor. Pedimos a Deus e a todos os Santos que aquele momento não acabe. Mas acaba. Chega ao fim. No nosso rosto fica a expressão de desconsolo e, como disfarçar o que se está a sentir não é tarefa fácil, algum observador atento vai pergunta: “Queres mais?”. Maldita pergunta. É lógico que sim, quero mais uma, duas, três fatias, quem sabe. Mas não, a resposta é “Obrigada mas já comi o suficiente”.

Bem, antes que a vontade de quebrar a dieta me passe pela cabeça, vamos ao que realmente interessa. O que é que tem todo este paleio a ver com ex-namorados? Resolvi comparar um namoro a um bolo de chocolate. Todos têm um princípio e um fim. Alguns, de tão doces, tornam-se enjoativos quando a segunda fatia vai a meio. Outros, de tão amargos, não passam da primeira. Existem ainda aqueles que quase dão cabo do bolo todo, mas, sem querer ser tão amarga como chocolate negro, todos sabemos que são pouquinhos os casos.

Quando um namoro acaba, ainda o bolo não chegou à última fatia, há sempre uma das partes que fica insatisfeita. Há sempre uma parte que fica a olhar para o resto do bolo, a pensar que ingredientes faltaram, ou quais são os que estão a mais. Há sempre quem fique com vontade de reescrever a receita e continuar a degustar o que ainda tem pela frente.

Encontrar um ex-namorado/a é como parar de comer um bolo de chocolate a meio, ter vontade de saborear mais umas quantas fatias mas ter que reprimir esse desejo. Encontrar um ex-namorado/a é olhar para o mesmo bolo, aquele que outrora fora delicioso, que satisfez desejos e preencheu vazios, e tentar convencer-se que afinal esse bolo não era tão bom assim.

Verdade seja dita, se paramos de comer o bolo é porque ele, seja para qual das partes for, tinha algum defeito. Açúcar a mais ou a menos. Bem ou mal cozido. Chocolate em falta ou em excesso. Quando é assim dificilmente se consegue refazer a receita. Talvez o melhor seja passar os olhos pela vitrina da confeitaria e escolher um bolo novo.
 
Imagem: "O melhor bolo de chocolate do mundo" - Quando se autoproclamam como o melhor bolo de chocolate do mundo, não mentem nem um bocadinho. Tirem a prova dos 9.
No Porto ao pé do Jardim da Cordoaria/ Palácio da Justiça. Rua Dr. Barbosa de Castro n.º70.
Andreia Moreira

 
 
 
 
 
 

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